A bancada do PT no
Senado e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) vão desenvolver em conjunto a
defesa de vários projetos estruturantes do País cujo foco é resguardar os
direitos dos trabalhadores, dos aposentados e as propostas destinadas a
contribuir para a consolidação do desenvolvimento social e econômico alcançado
nos últimos dez anos pelos governos de Lula e Dilma. “Podemos trabalhar em
temas que são comuns entre os senadores e a CUT, como a questão da reforma
política com o fim do financiamento privado nas eleições, matérias que tratam
do pacto federativo, como a nova alíquota do ICMS, o Fundo de Participação dos
Estados, a mudança do indexador da dívida dos estados e municípios e outros
temas, como o estatuto da juventude e a regulamentação de artigos da
Constituição que tratam da comunicação social”, disse Wellington Dias após o
encontro.
O presidente da
CUT, Vagner Freitas, que ontem participou do encontro das centrais sindicais
com a presidenta Dilma Rousseff, afirmou que essa aproximação será oportuna
porque permitirá que o Senado dê sua contribuição nas discussões de algumas
bandeiras históricas defendidas tanto pelo Partido dos Trabalhadores quanto
pela Central. Wellington disse a Vagner que o gabinete da Liderança do PT no
Senado, por exemplo, está criando um núcleo que acompanhará as demandas
apresentadas pelos movimentos sociais, para resgatar e levar adiante propostas
que ampliam os direitos dos cidadãos.
Após a reunião com
o líder Wellington Dias, que teve a presença dos senadores José Pimentel
(PT-CE), líder do Governo no Congresso, Paulo Paim (PT-RS) e a senadora Ana
Rita (PT-ES), Vagner Freitas concedeu uma entrevista para o site PTnoSenado,
onde falou sobre a reunião com a presidenta Dilma, o acompanhamento que a CUT
está fazendo da MP dos Portos e os principais objetivos da Central para os
próximos anos. Vagner Freitas assumiu a presidência em agosto de 2012, tendo
sido eleito em julho durante o 10º ConCUT (congresso), quando obteve 90,52% dos
votos. Ele é o primeiro bancário a presidir a CUT, a maior central sindical do
Brasil e da América Latina e a quinta maior do mundo. A CUT tem hoje 3.498
entidades filiadas, 7,6 milhões de trabalhadores associados e 22 milhões de
trabalhadores na base.
Leia a entrevista
com o presidente nacional da CUT:
PTnoSenado
– Como foi o encontro que o senhor teve ontem com a presidenta Dilma Rousseff,
no Palácio do Planalto, em Brasília?
Vagner
Freitas – A presidenta Dilma
recebeu ontem a pauta da marcha dos trabalhadores, das centrais sindicais,
contendo onze itens. De saldo positivo é que a presidenta abriu uma negociação
oficial entre as centrais e o governo a respeito desses onze itens. Disse que
alguns deles têm possibilidades reais de serem absolvidos pelo governo,
fundamentalmente a pauta da reforma agrária e a destinação de 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) para a Educação, vinculado aos royalties do petróleo. Em
relação à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que fala
em demissão imotivada e rotatividade ela disse que é um debate duro no Senado e
na Câmara, mas o Governo dela está incomodado com a rotatividade e que nós
temos de ter uma solução para isso.
E os
demais itens?
Em relação à
Convenção 151 da OIT, que é o direito de negociação no serviço público, ela
assinou um decreto ontem mesmo abrindo o debate para que o Brasil seja
signatário da convenção, porque isso tem passar pelo Congresso Nacional, mas o
governo sendo favorável a essa ideia é extremamente importante. Sobre outros
dois pontos da pauta, o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de
trabalho, a presidenta Dilma disse que vê com bastante dificuldade uma
negociação no Congresso Nacional, mas entende que nós devemos ter soluções
inteligentes e abriu a negociação sobre isso, ou seja, ela não fechou a
discussão sobre esse tema como outros governos já fizeram, de não ter conversa
sobre o fator previdenciário ou da jornada de trabalho e dizer que vai ficar
como está. Não é isso que a presidenta disse. Ela falou que no desenrolar da
negociação nós vamos ter soluções inteligentes para resolver o problema.
Essa é uma boa sinalização para a CUT?
Essa é uma boa sinalização para a CUT?
Sim, porque pelo
menos ela apontou claramente a dificuldade de discutir isso no Congresso
Nacional e não deixou os temas fora da pauta.
E sobre a MP dos Portos, qual é o posicionamento adotado pela CUT?
E sobre a MP dos Portos, qual é o posicionamento adotado pela CUT?
Nós também
tratamos desse assunto com a presidenta Dilma. A CUT não admite nenhuma perda
de direito dos trabalhadores dos portos. Ponto. Entendemos que o Brasil precisa
remodelar o sistema portuário e fazer investimentos em infraestrutura para
continuar no processo de desenvolvimento estabelecido no País. Se isso é tão
importante e a CUT concorda com isso, a questão dos direitos dos trabalhadores
tem que ser colocada em voga também. Nós não aceitamos que no bojo da Medida
Provisória tenha algum malefício aos trabalhadores. A presidenta Dilma tem dito
que isso não acontecerá, mas a CUT vai formular uma proposta sobre isso.
Como vai ser essa proposta?
Como vai ser essa proposta?
Em breve nós
apresentaremos à sociedade e para o governo uma proposta da CUT que fala do
capítulo dos trabalhadores na MP 595 dos Portos. O que nós queremos é que os
trabalhadores sejam contratados de maneira eficaz, que não seja colocado em
risco, de maneira alguma, o emprego desses trabalhadores e, mais ainda, se a
questão dos portos é tão importante, os trabalhadores têm que ter vantagens
nesse processo de mudança. E isso que vamos apresentar.
Quais as pautas que o senhor vai trabalhar na presidência da CUT nos próximos anos?
Quais as pautas que o senhor vai trabalhar na presidência da CUT nos próximos anos?
O mandato nosso
será voltado para a diminuição da jornada de trabalho no Brasil, com a óbvia
geração de emprego. Isso nos vamos discutir como também o fim do fator
previdenciário ou colocando a regra 85/95 porque entendemos ser possível fazer.
Portanto, a diminuição da jornada de trabalho, resolver a questão do fator
previdenciário são pautas importantíssimas que temos desse ponto de vista mais
direto. A outra pauta é valorizar o salário mínimo. Temos uma política de
salário mínimo, mas temos que aumentar o potencial dos salários no PIB. Devemos
ter uma proposta sobre isso e de um ponto de vista geral, duas lutas que
precisamos fazer: a luta pela reforma política, com o fim do financiamento
privado de campanha, instituindo o financiamento público e discutindo a lista
fechada, mas dirigida para não prejudicar negros e mulheres. Outra pauta é o
marco regulatório das comunicações, que será premente para a CUT porque não há
democracia de comunicação no Brasil.
Fonte: PT no Senado
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