19 de fevereiro de 2014

POLÍTICA

PT confirma reeleição de Monteiro e encaminha aliança com PMDB no MA

Executiva nacional entendeu que o resultado do Processo de Eleição Direta foi legítimo e garantiu mais quatro anos de mandato ao atual presidente.

Gilberto Léda
Da editoria de Política
19/02/2014 00h00

A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) confirmou ontem, após reunião em Brasília, comandada pelo presidente nacional da sigla, Rui Falcão, o resultado do primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED) no Maranhão, realizado em novembro do ano passado, e ratificou a reeleição do presidente do Diretório Estadual da legenda, Raimundo Monteiro, para um novo mandato de quatro anos.

Além de garantir que o comando do partido continua nas mãos do atual presidente, a confirmação da reeleição deve produzir, também, efeitos sobre o rumo do PT maranhense nas eleições de outubro deste ano.

A decisão foi tomada depois de o secretário de Organização Nacional, Florisvaldo Souza, apresentar à plenária um relatório sobre o pleito, acatando recurso de Monteiro para que todos os seus votos fossem computados e rejeitando a tentativa da comissão eleitoral local de anular sufrágios que forçariam um segundo turno.

"A decisão confirma a eleição de quem tem voto dentro do PT", afirmou o presidente reeleito, que convocou para a manhã de hoje uma entrevista coletiva na qual falará sobre o assunto.

Político - Apesar de admitir a derrota e de garantir que não pretende recorrer, o segundo colocado na disputa, Henrique Souza, diz que o posicionamento da direção nacional foi político, não técnico.

Segundo ele, o relatório da Sorg, mesmo tendo sido apresentado e lido, não foi discutido pela Executiva do partido, que preferiu tomar uma decisão sem analisar os dados levados por Florisvaldo Souza.

"O relatório era de tal forma inconsistente que a direção nacional não teve coragem de votar. E resolveu arbitrar. O Rui Falcão trouxe para ele a responsabilidade de dizer: 'Olha, o Monteiro vai ser o presidente, mas não dá para consignar maioria porque ele não teve. Então, vamos dividir lá no meio'. A decisão foi política, não teve critério técnico", declarou Henrique Souza.

A polêmica sobre o PED maranhense - que estava suspenso sem resultado desde novembro do ano passado - começou apenas dois dias após o pleito, realizado no dia 10 de novembro de 2013. Na ocasião, o presidente Raimundo Monteiro declarou-se reeleito após apuração paralela realizada pelo seu comitê de campanha.

A comissão eleitoral não confirmou o resultado, e, após análise da Secretaria Nacional de Organização, ficou evidenciada falha da instância deliberativa. Pelas regras do PED, logo após a votação, a apuração deveria ser feita pelos diretórios municipais. Depois da proclamação dos resultados nas cidades, os números deveriam ser repassados para a executiva estadual por meio eletrônico até o fim do dia 12 de novembro de 2013.

A totalização do resultado estadual e envio dos números para executiva nacional deveriam ser feitos até o fim do dia 13 do mesmo mês para a proclamação do resultado final. Na época, a Sorg emitiu nota dizendo que não havia quaisquer explicações da comissão de organização eleitoral do PT maranhense para não ter sido seguido o regulamento.

Por conta do impasse, a Direção Nacional suspendeu o processo, impediu a realização de um segundo turno e avocou para si a responsabilidade sobre o caso, agora resolvido pela Executiva.

Aliança começará a ser discutida

Além de confirmar a reeleição de Raimundo Monteiro à presidência do Diretório Estadual da sigla, a Executiva Nacional do PT definiu como fica a divisão de forças nas instâncias partidárias. Pelo que ficou decidido, tanto na Executiva Estadual quanto no Diretório Estadual, o grupo do presidente reeleito terá direito a 50% das vagas. A outra metade será dividida entre os opositores.

A mesma matemática foi usada para a definição da quantidade de delegados que cada tendência terá direito a indicar para o "Encontro de Tática Eleitoral", instância deliberativa que chancelará o destino da legenda nas eleições de outubro deste ano. Também neste caso, o grupo de Monteiro indicará 50% dos delegados - 250 ao todo - e os demais serão indicados pelas outras cinco tendências.

"Os nossos aliados defendem a aliança com o PMDB e isso é público e notório. Além disso, temos aliados importantes como o Rodrigo Comerciário [secretário de Estado de Articulação Institucional] e o Mundico Teixeira, que terão direito a indicar seus delegados dentro dessa cota de 50% que não nos pertence e acreditamos que o posicionamento deles também é pela aliança com o PMDB, então acreditamos que essa questão está bem encaminhada", afirmou Monteiro.

Henrique Souza, que encabeça um movimento pelo lançamento de candidatura própria, disse achar difícil que a tese prevaleça após a decisão de ontem. "Todo mundo sabe que nessa metade opositora a Monteiro estão Rodrigo Comerciário e o Mundico Teixeira. Eu não posso deixar de admitir que eu tenho um rombo no casco, porque o Rodrigo e o Mundico estão no governo. Como é que eles vão defender uma tese que eu defendo?”, admitiu.

Para ele, a tese de candidatura própria só prosperará agora se houver intenção da direção nacional para isso.

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