Na última sexta-feira (19), uma multidão tomou conta da praça
Deodoro durante um ato em defesa da democracia. No ato, intitulado “Pela
Liberdade Democrática”, adultos, crianças, artistas, militantes esquerdistas e
apartidários bradavam frases e entoavam cânticos em apoio ao mandato da
presidente Dilma e do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, nomeado ministro
da Casa Civil. A manifestação acompanhou o resto do país, onde milhões de pessoas
se manifestavam, simultaneamente, defendendo também os direitos sociais e o
respeito aos princípios constitucionais.
Representantes do Parlamento Municipal, Estadual e Federal, juristas,
entidades sindicais e diferentes movimentos sociais como, LGBT, Mulher,
Juventude, Povos indígenas, Sem Terra, Igualdade Racial, Pessoa Idosa e Pessoa
com Deficiência também se fizeram presentes na manifestação.
No palco do evento, militantes discursavam e, entre um
discurso e outro, apresentações culturais se realizavam, dentre os artistas: as
cantoras Rosa Reis e Tássia Campos, além do cantor Tutuca.
Presente no ato, o único representante do Partido dos
Trabalhadores (PT) na Câmara Municipal, o vereador Honorato Fernandes falou da
necessidade da população, respaldada nas conquistas sociais adquiridas ao longo
das gestões de Lula e Dilma, tomar a frente em defesa do governo.
“Quero falar da indignação que nós precisamos mostrar nas
ruas. Falar também da realização dos sonhos e esperanças que Dilma e Lula
possibilitaram a milhões de brasileiros. Realização de sonhos, como políticas
voltadas para o setor de cultura, a exemplo dos pontos de cultura, o sonho de
conquista da casa própria, com o Minha Casa Minha Vida, a oportunidade do filho
da empregada sentar no banco de uma universidade federal, o sonho de ter a mesa
mais farta e, para muitos outros tantos, a oportunidade apenas de ter algo na
mesa pra comer. É dessa realidade que eu quero falar e, baseada nela, dizer aos
meus amigos e amigas da cidade de São Luís que nós não vamos nos intimidar.
Vamos tomar a frente. Porque o que agente defende é o que o Lula disse ontem,
uma justiça para todos, com isenção, pois somos todos iguais”, disse o vereador.
Emocionado com o ato em defesa da democracia, Raimundo
Monteiro, presidente estadual do PT, afirmou que a manifestação se faz urgente,
haja vista a clara tentativa de golpe perpetrada pela direita conservadora,
agora, articulada com o Ministério Público e Judiciário, configurando de tal
modo um golpe institucional.
“É com muita satisfação que vejo o povo nas ruas com vontade
de lutar para manter conquistas históricas. Um povo que sentiu a elite se
organizar para tomar todas estas conquistas, hoje, vem às ruas dizer que não
aceita a tomada destes direitos. Pra mim, que lutei na década de 70 e na década
de 80 para ter uma constituição, ver, agora, esta constituição sendo
desmoralizada é muito duro. A democracia teve um custo muito alto pra nós, por
isso não podemos deixar que isto nos seja levado dessa forma. Por uma direita
conservadora e por um juiz que passa por cima da maior corte do judiciário
brasileiro, que é o STF, colocando grampos no Palácio do Planalto. Portanto, é
uma emoção ver um levante tão importante, do nosso povo aqui em São Luís e do
Brasil todo”, disse Monteiro.
A polêmica acerca da legalidade da realização e divulgação
do grampo feito pelo juiz Sérgio Moro foi um dos pontos abordados pelo professor
de direito Mário Macieira e ex-presidente da OAB-MA.
“Está clara a parcialidade de um setor do judiciário, que
dirige as investigações contra um partido, ou um setor da política brasileira e
que tapa os olhos para as denúncias contra a direita. Um juiz, cujo último ato
foi de gritante ilegalidade, quando grampeou a presidente da república sem ter
competência para isso e não satisfeito em apenas grampear, ainda vazou o áudio,
que por lei deve ser sigiloso. A ele competiria, se o mesmo tivesse uma atuação
isenta, tão somente encaminhar o áudio para o Supremo Tribunal Federal.
Portanto, este ato só revela que ele está engajado politicamente na luta pelo
golpe, pela derrubada da presidente Dilma, muito mais do que interessado em
fazer a investigação da lava jato”, afirmou o advogado, que destacou ainda as
reformas legais realizadas nos últimos anos pelos governos petistas, que
possibilitaram a investigação de crimes de corrupção.
“Ser contra a corrupção todos nós somos. Aliás, quem sempre
praticou corrupção nesse país foram eles que estão do outro lado e sempre e
beneficiaram disso. Hoje, meios e instrumentos necessários para investigar
crimes de corrupção como estes só existem por conta das reformas legais feitas
nos governos Lula e Dilma, que propiciaram a independência da Polícia Federal e
do Ministério Público”, finalizou o advogado.
De acordo com a organização do ato, 5.000 pessoas
participaram da manifestação. Sete ônibus vieram da região Tocantina, trazendo
manifestantes de cidades como: Imperatriz, Porto Franco, Bom Jesus das Selvas,
Buritirana e Campestre. Já os dados da Polícia Militar, contabilizam 400
pessoas no ato.
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