A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
(CTB) participou da 105ª Conferência Internacional do Trabalho, principal
reunião da Organização Internacional do Trabalho, que aconteceu em Genebra
durante os dias 30 a 11 de junho. Além de cumprir os objetivos temáticos
dessa sessão, a delegação da CTB elegeu como prioridade política denunciar aos
185 países participantes, o golpe político em curso no Brasil.
Como destaca Divanilton
Pereira, Secretário de Relações Internacionais da CTB e Coordenador da FSM Cone
Sul. “Disputados essa narrativa contra a estrutura montada pela ilegítima e
direitista política externa brasileira, apoiada, infelizmente, por algumas
organizações sindicais do Brasil que aqui participam. A CTB não dá legitimidade
ao governo golpista!”, reforça o dirigente.
O primeiro enfrentamento aconteceu
nas primeiras reuniões da Comissão, quando um diplomata brasileiro tomou a fala
para se referir à situação política brasileira, assinalando no seu discurso que
as manifestações contrárias ao governo Temer se baseiam em um julgamento
político sobre procedimento constitucional. Sua fala teria sido feita a mando
de José Serra, ministro das Relações Internacionais.
Membros da bancada dos
trabalhadores brasileiros presentes na reunião do Comitê se levantaram do
plenário para denunciar o golpe de estado. Delegados que representam
trabalhadores e sindicatos de mais de 100 países somaram o coro em protesto ao
governo brasileiro.
A presidente da sessão, Cecilia
Mulindeti-Kamanga, interrompeu o diplomata, alegando que o representante do
governo infringiu as regras da Conferência ao tratar de assunto fora da pauta.
O governo brasileiro teve sua fala cortada na Conferência como sanção pela
infração cometida.
Não ao golpe
De acordo com os sindicalistas,
“os debates e discussões prosseguem em todas as outras comissões quando
organizações e governos caracterizam, como nós, o golpe em nosso país. De
plantão, a representação governamental brasileira apela para direitos de
respostas, mesmo que antirregimentais”.
Esse exemplo dessa afirmação foi
quando o Secretário Geral da Federação Sindical Mundial (FSM), George Mavrikos,
em sua exposição ao plenário da ONU solidarizou-se com a luta dos trabalhadores
franceses, venezuelanos, palestinos, sírios e a luta contra o golpe no Brasil.
Após sua fala, o interino governo
tentou contestar lendo um pequeno texto padrão, que foi rechaçado por parte do
plenário. “Diante de tal atitude, Mavrikos retomou o microfone e enfrentou as
mentiras orientadas pelo golpista José Serra. O presidente dos trabalhos chamou
a segurança para intimidação e a sessão foi encerrada”, descreveu Divanilton
Pereira.
Outro momento de tensão aconteceu
quando o ilegítimo Ministro do Trabalho, Nogueira de Oliveira, ocupou a tribuna
para pronunciar-se. Imediatamente a delegação da CTB levantou os cartazes em
diversos idiomas do Fora Temer! Apoiadores estrangeiros e a CUT também o
fizeram. Após sucessivas interrupções e ação da segurança, a CTB, em protesto,
boicotou a palavra golpista do Ministro.
CTB em defesa dos direitos da
classe trabalhadora
A delegação composta pelos
dirigentes Assis Melo, Carlos Muller, Divanilton Pereira, Eremi Melo, Jenny
Dauvergne, José Adilson Pereira, Magnus Farkatt, Márcio Ayer, Rogerlan Morais e
Virgínia Barros atua em diversas comissões e debates no sentido de contribuir
para as discussões de temas pertinentes à classe laboral.
No setor de transporte, coube ao
delegado técnico da CTB, o portuário e secretário adjunto de relações
Internacional da CTB, José Adilson, discursar em nome na sessão plenária da
conferência.
No setor de transporte, a
conferência consagra importantes alterações em duas convenções do trabalho
marítimo. Uma incluiu dispositivos que inibem o assédio a bordo de navios e
outra trata da identificação dos marítimos. Esta prevê que a identificação
internacional dar-se-á através de chips. Trabalho coordenado pelo
vice-presidente nacional da CTB, Severino Almeida, e acompanhado nesta sessão
pelo marítimo Carlos Muller.
No debate sobre a questão de
gênero, coube a educadora Rogerlan Morais (SAAE-MG), a exposição especial que
orientou os debates. Uma importante contribuição para que o sindicalismo
classista enfrente a defasagem de representatividade das mulheres nas
instâncias e direções sindicais.
O dirigente da CTB e presidente
do Sindimetal Caxias do Sul, Assis Melo, RS, apresentou uma contundente
denuncia e convocou novas reações políticas em âmbito nacional e internacional
em defesa da democracia no Brasil. A atividade contou com a participação de
inúmeras organizações de vários países, que deram declarações de solidariedade
e apoio à esta luta.
17º Congresso da FSM em Durban
Dentro da programação classista
ocorreu ainda uma plenária, que debateu a realização do 17º Congresso FSM,
entre os dias 05 e 08 de outubro, em Durban, África do Sul.
Com a participação de mais de 160
sindicalistas de todos os continentes, George Mavrikos contextualizou a
realização do 17º congresso, inserindo-o sob os efeitos de mais uma grave crise
capitalista. Apresentou os documentos que nortearão os debates e orientou o
aprofundamento do estudo sobre eles.
Durante a atividade, os delegados
contribuições com propostas, inclusive a CTB, através de seu secretário de
relações internacionais, destacando a importância estratégica desse evento para
o sindicalismo classista em nível mundial.
Nos próximos dias, a CTB
participará ainda nos encontros do BRICS Sindical e da Confederação Sindical
dos Países da Língua Portuguesa (CSPLP).
Portal CTB
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