ANS intervém na Geap
Um dia
depois de ser questionada pelo Correio, que publicou matéria sobre o
engavetamento da deliberação unânime da diretoria de intervir novamente
na Geap – principal operadora de saúde dos funcionários públicos
federais -, a Agência Nacional de Saúde (ANS) publicou ontem, no Diário
Oficial da União (DOU), antiga decisão de 18 de agosto, instaurou regime
especial de direção fiscal no convênio e nomeou Jaime de Carvalho Leite
com diretor fiscal.
Há mais de dois meses, o colegiado
apontou “anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves”
na operadora, “que colocam em risco a continuidade do atendimento à
saúde”, mas não havia tornado pública a decisão, o que impediu a
intervenção.
Essa é a segunda direção fiscal
instaurada na Geap, em menos de dois anos. A Geap não cumpriu o programa
de saneamento pactuado em 2013, para cobrir um rombo de aproximadamente
R$ 300 milhões. Para o professor Sergio Fernando Torres de Freitas,
especialista em saúde pública da Universidade de Santa Catarina (UFSC), a
situação de penúria da Geap não é nova. “Há oito anos, fechamos
contrato com uma operadora particular, depois de avaliarmos que a Geap
não teria cacife para atender todos os servidores. Aqui em
Florianópolis, não conta com estrutura suficiente”, assinalou.
A ANS não revelou o tamanho do buraco
agora. Explicou apenas que as anormalidades citadas “são o não
cumprimento das regras prudenciais” (o que inclui capital, provisões
técnicas e ativos garantidores). Também não explicou o motivo de não ter
tomado precauções para fazer cumprir o acordo de 2013. “A medida
administrativa para o não cumprimento do programa é nova instauração de
direção fiscal”, justificou ao Correio, em nota.
A ANS garantiu que os servidores não
serão afetados. A operação do plano deve ser mantida normalmente, sem
interrupções. Qualquer dificuldade deve ser informada por meio das
centrais de atendimento (Disque ANS 0800 701 9656, no portal da agência
(www.ans.gov.br) ou pessoalmente, nos Núcleos da ANS em 12 cidades).
Passos
A intervenção começa com a análise das
contas pelo diretor fiscal, para apurar a situação patrimonial e
financeira do convênio. Evidenciado o desvio às regras da ANS, a Geap
terá de apresentar um programa de saneamento, apontando em quanto tempo e
de que forma equilibrará as contas. O programa é avaliado pela agência.
Se aprovado, é acompanhado pela ANS. Dependendo do porte e da
complexidade da operadora, a fase de análise dos números pode levar mais
tempo.
Ontem mesmo, segundo informou a Geap
Autogestão em Saúde, Jaime de Carvalho Leite foi empossado pelo diretor
executivo da operadora, Luís Carlos Saraiva Neves. “A direção da Geap
está a postos para apresentar de forma transparente e clara todos os
documentos, dados e informações relativas à situação administrativa e
econômico-financeira atual da operadora que demonstram tanto o
equilíbrio das contas quanto o processo contínuo de qualificação da rede
credenciada e de melhoria dos indicadores de atenção à saúde dos
beneficiários”, diz a nota, que garantiu que o atendimento aos 600 mil
associados está garantido.
Fonte: Correio Braziliense
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