Pais e alunos não aprovam greve de professores

Embora as aulas na rede estadual de ensino no interior do Maranhão e em algumas escolas da capital tenham voltado à normalidade, a situação da greve decretada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Estado do Maranhão (Sinproesemma) ainda preocupa os estudantes. Uma demonstração disso é que 30 entidades representantes dos estudantes lançaram o “Manifesto estudantil pela volta às aulas” nesta quarta-feira (23).

De acordo com a presidente da União Municipal dos Estudantes de São Luís, Islane Vieira, a classe estudantil não desaprova a reivindicação dos professores, mas sim a forma que eles escolheram para se manifestar. “A paralisação das aulas só prejudica os alunos. E, apesar de o Governo estar afirmando que quer negociar, o Sinproesemma não quer entrar em acordo. Não podemos deixar que esta situação nos prejudique ainda mais”, afirmou Islane Vieira, que cursa o 3º ano do ensino médio no C.E Roseana Sarney.

Para o presidente do Grêmio do Centro de Ensino Antônio Ribeiro, Antônio Sousa, que também é estudante do último ano do ensino médio, a greve representa um atraso para a educação do Maranhão e coloca os alunos da rede estadual em desvantagem nas provas de vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Há anos, as greves realizadas pelo Sinproesemma vêm prejudicando o ano letivo da rede estadual. Caso a greve se prolongue, não teremos todo o conteúdo escolar ministrado e sairemos mais uma vez em desvantagem em relação aos alunos das escolas particulares no período das provas para ingresso nas universidades”, apontou o estudante.

No Manifesto divulgado na última quarta (23), os estudantes afirmam que “o Sindicato teve os meses de dezembro, janeiro e fevereiro para negociar com o governo a sua pauta de reivindicação, sem prejudicar o início das aulas. Mas, para tristeza dos estudantes, que após oito anos teriam o período letivo respeitado, o Sindicato preferiu anunciar a greve logo no primeiro dia de aula”.

Dentre as entidades estudantis da capital que assinaram o documento, estão União Municipal dos Estudantes de São Luís, Grêmio do Liceu Maranhense, Grêmio Estudantil da Escola Modelo e Grêmio do C.E Antônio Ribeiro, além da União Municipal do Estudantes de Paço do Lumiar. Do interior, atestam o documento a Central da Juventude de Coroatá, Caxias, Turilândia, Aldeias Altas, São João do Sóter, Pindaré-Mirim, Santa Inês e Pio XII, a Associação Nunes Freire de Juventude e a Juventude Organizada de Arari, entre outras. Além destas, também assinam o documento entidades de Balsas, Bacabal, Grajaú, São Mateus, Peritoró, Miranda do Norte, Buriti-Bravo, Vargem Grande, Cururupi, Conceição do Lago-Açu e Governador Nunes Freire.


Pais de Alunos

Os pais também estão preocupados com a paralisação da categoria. Segundo a dona-de-casa Maria da Paz Reis, todos os pais que têm filhos matriculados no ensino público estão revoltados com a greve.

Maria da Paz Reis vive duas situações distintas: o filho, que estuda no C.E Maria Firmino, não teve as aulas suspensas em nenhum dia durante a greve; já o outro, que estuda no C.E Nascimento de Moraes, está sem aula há quase 30 dias. “Essa situação é revoltante. Os professores não podem lutar por uma educação melhor abandonando os alunos em sala de aula”, relatou a mãe.

No Colégio Militar Tiradentes, as aulas não foram paralisadas com a greve, mas o pai James Jim F. Silva se mostrou consternado com a situação de outras escolas que estão sem aula. “Essa é uma situação muito desgastante para todos. Os professores estão ferindo o principal princípio deles, que é o de educar”.

Seduc

A Secretaria de Educação reafirmou que o Governo do Estado sempre se mostrou favorável à negociação com o Sindicato dos Professores e já solicitou aos docentes que voltem às salas de aulas para que os alunos não sejam mais prejudicados.

“Mesmo com o comunicado de greve da categoria, encaminhado à Seduc, no dia 24 de fevereiro, o Governo do Estado sempre manteve aberto o diálogo com o Sindicato. A nossa prioridade é que as aulas voltem totalmente à normalidade para que os nossos alunos não sejam prejudicados”, declarou a secretária de Educação, Olga Simão.