24 de agosto de 2015

Júlio Pinheiro explica proposta da CNTE de elevação do piso do professor de nível médio e funcionário de escola para R$ 2.650



julio pinheiro IMG_1309_materia_reajusteDirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (SINPROESEMMA) participaram da 2ª Plenária Intercongressual da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em Brasília, nos dias 07 e 08 de agosto, para discutir propostas de projetos de lei para o Piso Salarial Profissional Nacional e para as Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira dos Profissionais da Educação Pública. Em entrevista ao Portal do Educador, o presidente do SINPROESEMMA, Júlio Pinheiro, falou sobre as novidades da agenda de luta da CNTE para os próximos meses de 2015 e ano 2016.

Portal do Educador – Qual foi o objetivo principal da plenária?
Júlio Pinheiro – A CNTE pretende iniciar, neste segundo semestre, um processo de discussão sobre a carreira do magistério nacional para criar diretrizes de carreira que permitirão estabelecer uma mediação com o poder público a partir dessas diretrizes.

Portal do Educador – É possível definir uma única carreira do magistério nacional para vigorar em todo o território brasileira, num país de regiões, estados e municípios com características tão distintas?
Júlio Pinheiro – Nós temos consciência de que, em função das características locais, não será possível, por exemplo, criar um plano de carreira único para todo o Brasil, mas é possível criar diretrizes que norteiem a carreira do magistério nacional”.

Portal do Educador – A pauta da plenária também incluiu a questão do piso. O que ficou definido em relação a esse tema?
Júlio Pinheiro – Decidimos que, em 2016, entraremos com uma agenda de campanhas salariais no Brasil e a ideia é de um piso nacional de R$ 2.650 para professor com formação de nível médio e unificar a proposta para funcionários de escola. Esse valor será também o balizador de piso das negociações das campanhas salariais.

Portal do Educador – De que forma a CNTE pretende conduzir essa luta? Júlio Pinheiro – Esse processo foi aprovado pela plenária, em Brasília, e, por conta dessa situação de ajuste econômico, vamos antecipar a campanha salarial. Haverá um esforço maior no sentido de evitar que haja redução de salários e que se crie um ambiente de defensiva em relação aos gestores públicos brasileiros.
Portal do Educador – Como a CNTE e os sindicatos pretendem vencer a resistência dos gestores públicos que certamente haverá em relação ao piso nacional de R$ 2.650 para professores de nível médio e funcionários de escola?
Júlio Pinheiro – Não podemos ficar na defensiva porque isso diminui a nossa capacidade de mobilização e as condições políticas para vencermos essa batalha no chão dos municípios e dos estados. Por isso, a sugestão da CNTE e dos sindicatos é que se evite o rebaixamento. Aprovamos essa proposta de ampliação do piso para esse patamar, unificando com os funcionários de escola, para elevar também o debate com esses profissionais. É para criar as condições políticas para grandes mobilizações e grandes campanhas salariais nesse momento de crise.

Portal do Educador –  A estratégia, então, será, antecipar a campanha, em vez de esperar a proposta do Ministério da Educação, como vem acontecendo?
Júlio Pinheiro – Exatamente. Porque se cria um ambiente político para a negociação da proposta, evitando-se o rebaixamento do piso. Essa temática é importante e se precisa dar prioridade porque o Plano Nacional de Educação estabeleceu a Meta 17 que prevê a elevação do salário do professor ao patamar salarial dos outros profissionais de nível superior, como engenheiros, médicos etc. Temos essa legislação que nos ampara, a Meta 17 é a nossa referência.

Portal do Educador –  O PNE prevê essa equiparação salarial entre o salário do professor e dos demais profissionais de nível superior até 2020, mas alguns prefeitos e governadores não vêm cumprindo essa política de reajuste anual como determina o MEC. Com isso, os salários não continuarão defasados?
Júlio Pinheiro – Com certeza. Os gestores não aplicam de forma correta os recursos do Fundeb, os mecanismos de fiscalização ainda são muito temerários e, ao mesmo tempo, o Ministério Público demonstra pouca força para garantir que, de fato, se aplique os recursos do Fundeb, que são verbas públicas que têm uma destinação.

Portal do Educador –  Há alguma perspectiva dessa situação mudar?
Júlio Pinheiro – Tivemos avanços, porém, ainda há, em vários municípios, a resistência de cumprir a Lei do Fundeb. Só mesmo através da mobilização e dos sindicatos fortalecidos é que se conseguirá avançar na garantia desses direitos à Lei do Piso e à correta aplicação dos recursos do Fundeb, que têm de ser no mínimo 60% para pagamento dos professores.  Há muito escamoteamento no uso desses recursos, governos e prefeituras utilizam recursos do Fundeb para contratações que não têm o objetivo de fortalecer a educação, são contratações políticas, fazendo com que os recursos da educação saiam pelo ralo.

Portal do Educador –  O que o SINPROESEMMA vem fazendo em relação a esses casos?
Júlio Pinheiro – Orientamos as coordenações do nosso sindicato a denunciar e, ao mesmo tempo, buscamos mobilizar, quando necessário, os trabalhadores para que esses processos não ocorram de forma muito violenta, quando há uma liberalização geral dos prefeitos, visto que não há um rigor maior da lei para esses gestores que não cumprem a legislação por não aplicarem corretamente esses recursos. A sociedade também é convocada porque ela é o objetivo-fim da política de educação e não que não tem ensino de qualidade por causa dessa postura de falta de vontade política e do mal planejamento das políticas públicas.

Fonte: Sinproesemma

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