O
ministro ilegítimo do Trabalho, Ronaldo Bastos, anunciou oficialmente na
última terça-feira que vai defender, no Congresso Nacional, que as leis
que protegem os trabalhadores tenham menos valor que negociações
isoladas entre empresas e empregados.
Então,
com essa mudança, podemos imaginar algumas situações. Se a lei determina
que as férias são de 30 dias, mas o dono de uma grande empresa disser
aos funcionários que aceitem férias de 15 dias ou, do contrário, serão
demitidos, é bem provável que as férias passarão a ter apenas 15 dias.
Uma hora
de almoço pode ser transformada em apenas meia hora. O 13º salário pode
deixar de ser pago em determinado ano sob alegação de dificuldades
financeiras. E por aí vai. Com o tempo, os direitos trabalhistas vão
acabar. A carteira de trabalho vai ser peça de museu.
Esse projeto do governo ilegítimo do Temer é comumente chamado pelos dirigentes sindicais de “negociado sobre o legislado”.
“Esse
projeto é gravíssimo. Em momentos de crise, como este que vivemos e que
ainda deve durar bastante tempo, os trabalhadores têm menor poder de
barganha, e as empresas vão fazer chantagem, coação econômica”, explica
Hugo Cavalcanti Melo Filho, presidente da Associação Latino-americana de
Juízes do Trabalho.
Respeito à Constituição
O
ministro do Temer afirma que os princípios constitucionais não serão
desrespeitados. Pura retórica, explica o juiz Hugo. “É fácil dizer isso,
porque a Constituição só aponta princípios, ela não regulamenta os
direitos e a proteção ao cidadão. Isso quem faz são as leis
específicas”, afirma. “Se você torna a negociação entre as partes um
instrumento mais forte que as leis, a Constituição não tem valor
prático”, diz.
Um
exemplo claro dos limites da Constituição pode ser encontrado no inciso
30 do artigo 7º da Constituição. Esse inciso diz que não pode haver
diferença salarial em virtude de sexo. No entanto, na prática, as
mulheres continuam ganhando menos, pois não houve lei que regulamentasse
esse princípio apontado pela Constituição.
Negociação pode?
Pode,
claro. Este é inclusive um dos princípios do sindicalismo. Porém,
segundo o Direito do Trabalho, as negociações entre as partes só podem
ser realizadas com o objetivo de ampliar ou aperfeiçoar direitos, jamais
o contrário. É o chamado princípio de progressividade.
Além
disso, nem todos os trabalhadores têm sindicatos realmente fortes para
sentar à mesa de negociações em condição de igualdade. E há,
infelizmente, sindicatos que aceitariam acordos ruins para fins
paralelos.
E, como
lembrou o juiz Hugo, em situação de queda da economia, os trabalhadores
ficam mais fragilizados, o que dificulta a resistência a propostas
negativas.
Tem de matar no ninho
Para a
advogada Silvia Lopes Burmeitef, presidenta da Associação Brasileira dos
Advogados Trabalhistas, a maneira mais segura de garantir os direitos
trabalhistas é implodir no Congresso Nacional os três projetos de lei
que têm a finalidade de fazer o negociado prevalecer sobre o legislado.
“Existe a
possibilidade, caso o projeto seja aprovado pelos deputados e
senadores, de entrar na Justiça para questionar sua constitucionalidade.
E creio que as centrais sindicais o farão, caso necessário”, diz
Silvia.
“Porém”,
diz ela, “o retrato que temos hoje do Supremo Tribunal Federal nos
mostra que dificilmente aquela corte decidiria a favor dos
trabalhadores. Não confio no Congresso nem no STF”, alerta. “O mais
seguro é impedir sua aprovação”, reafirma.
Como?
“Temos de fazer mobilizações, atos e um intenso trabalho político”,
responde Valeir Ertle, secretário nacional de Assuntos Jurídicos da
Central. “Os trabalhadores e trabalhadoras precisam ser informados dos
riscos que esse projeto representa e temos de barrá-lo”. Mais uma razão,
portanto, para #ConstruiraGreveGeral.
Fonte: CUT Nacional
O
ministro ilegítimo do Trabalho, Ronaldo Bastos, anunciou oficialmente na
última terça-feira que vai defender, no Congresso Nacional, que as leis
que protegem os trabalhadores tenham menos valor que negociações
isoladas entre empresas e empregados.
Então,
com essa mudança, podemos imaginar algumas situações. Se a lei determina
que as férias são de 30 dias, mas o dono de uma grande empresa disser
aos funcionários que aceitem férias de 15 dias ou, do contrário, serão
demitidos, é bem provável que as férias passarão a ter apenas 15 dias.
Uma hora
de almoço pode ser transformada em apenas meia hora. O 13º salário pode
deixar de ser pago em determinado ano sob alegação de dificuldades
financeiras. E por aí vai. Com o tempo, os direitos trabalhistas vão
acabar. A carteira de trabalho vai ser peça de museu.
Esse projeto do governo ilegítimo do Temer é comumente chamado pelos dirigentes sindicais de “negociado sobre o legislado”.
“Esse
projeto é gravíssimo. Em momentos de crise, como este que vivemos e que
ainda deve durar bastante tempo, os trabalhadores têm menor poder de
barganha, e as empresas vão fazer chantagem, coação econômica”, explica
Hugo Cavalcanti Melo Filho, presidente da Associação Latino-americana de
Juízes do Trabalho.
Respeito à Constituição
O
ministro do Temer afirma que os princípios constitucionais não serão
desrespeitados. Pura retórica, explica o juiz Hugo. “É fácil dizer isso,
porque a Constituição só aponta princípios, ela não regulamenta os
direitos e a proteção ao cidadão. Isso quem faz são as leis
específicas”, afirma. “Se você torna a negociação entre as partes um
instrumento mais forte que as leis, a Constituição não tem valor
prático”, diz.
Um
exemplo claro dos limites da Constituição pode ser encontrado no inciso
30 do artigo 7º da Constituição. Esse inciso diz que não pode haver
diferença salarial em virtude de sexo. No entanto, na prática, as
mulheres continuam ganhando menos, pois não houve lei que regulamentasse
esse princípio apontado pela Constituição.
Negociação pode?
Pode,
claro. Este é inclusive um dos princípios do sindicalismo. Porém,
segundo o Direito do Trabalho, as negociações entre as partes só podem
ser realizadas com o objetivo de ampliar ou aperfeiçoar direitos, jamais
o contrário. É o chamado princípio de progressividade.
Além
disso, nem todos os trabalhadores têm sindicatos realmente fortes para
sentar à mesa de negociações em condição de igualdade. E há,
infelizmente, sindicatos que aceitariam acordos ruins para fins
paralelos.
E, como
lembrou o juiz Hugo, em situação de queda da economia, os trabalhadores
ficam mais fragilizados, o que dificulta a resistência a propostas
negativas.
Tem de matar no ninho
Para a
advogada Silvia Lopes Burmeitef, presidenta da Associação Brasileira dos
Advogados Trabalhistas, a maneira mais segura de garantir os direitos
trabalhistas é implodir no Congresso Nacional os três projetos de lei
que têm a finalidade de fazer o negociado prevalecer sobre o legislado.
“Existe a
possibilidade, caso o projeto seja aprovado pelos deputados e
senadores, de entrar na Justiça para questionar sua constitucionalidade.
E creio que as centrais sindicais o farão, caso necessário”, diz
Silvia.
“Porém”,
diz ela, “o retrato que temos hoje do Supremo Tribunal Federal nos
mostra que dificilmente aquela corte decidiria a favor dos
trabalhadores. Não confio no Congresso nem no STF”, alerta. “O mais
seguro é impedir sua aprovação”, reafirma.
Como?
“Temos de fazer mobilizações, atos e um intenso trabalho político”,
responde Valeir Ertle, secretário nacional de Assuntos Jurídicos da
Central. “Os trabalhadores e trabalhadoras precisam ser informados dos
riscos que esse projeto representa e temos de barrá-lo”. Mais uma razão,
portanto, para #ConstruiraGreveGeral.
Fonte: CUT Nacional
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