A CUT anuncia que fará parte de um programa diário nacional de rádio,
matutino, que será retransmitido pelas rádios comunitárias e redes
educativas de estados em que a orientação política está afinada com os
ideais progressistas e, evidentemente, pelas mídias livres que quiserem
aderir.
O programa entrará no ar ainda em julho, segundo anunciado na quinta-feira, durante os debates do 9º ENACOM (Encontro Nacional
de Comunicação da CUT). O esforço reúne sindicatos e parceiros, dentro
do contexto de unificação dos movimentos sociais que se intensificou a
partir de 13 de maio de 2015, quando foi realizada a primeira grande
passeata contra o golpe que se prenunciava.
“Será uma espécie de barricada nossa. A ideia é que esse programa
entre no ar o mais rapidamente possível. Quem sabe cheguemos a uma rede
de TV”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, que atuou nos governos
Lula e no primeiro mandato de Dilma, um dos convidados do debate desta
quinta.
“Isso terá um custo. Vocês serão chamados para participar”, disse o
presidente da CUT, Vagner Freitas, dirigindo-se à platéia de assessores
de comunicação e de secretários e secretárias de comunicação das CUTs
estaduais. “Vamos precisar de nossos profissionais, de nossos
jornalistas, dos sindicatos”, desafiou.
Pauta: derrotar o golpe
Em seguida, garantiu apoio da Central. “A CUT já é uma potência em
comunicação. Rádios, TVs de verdade em várias regiões. Esse projeto de
rádio anunciado é fantástico. Digo a todos que colocamos como
prioritário os recursos da CUT para comunicação”.
Vagner demonstrou disposição para a luta contra o golpe, tarefa na
qual a comunicação é e continuará sendo essencial, na opinião dele. “A
batalha não está perdida. Nós temos de retirar o Temer. Dar continuidade
ao que fizemos certo e corrigir nossos equívocos. Quero deixar claro
que o centro de nossa política é retirar o Temer, barrar o golpe e
apoiar eleições gerais e reforma política”, afirmou.
O presidente da CUT também aproveitou para lembrar o esforço para se
construir o que existe como estrutura de comunicação da Central: "Nós
temos a TVT, por exemplo, e muitos elogiam e dizem que é preciso
ampliar, melhorar. Pô, dá uma forcinha aí. Apenas poucos sindicatos
contribuem financeiramente"
As falas de Israel do Vale, presidente da Rede Minas e diretor
executivo do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), e
de Rita Freire, presidenta do Conselho da EBC (Empresa Brasileira de
Comunicação), convergiram em mostrar a estrutura pública que já existe, e
que pode, consequentemente, auxiliar nessa tarefa de fazer chegar as
informações contra-hegemônicas para a maioria da população.
Ambos reconheceram que os governos Dilma e Lula poderiam ter sido
mais ousados no enfrentamento à mídia tradicional. Mas deram maior tempo
a expor o que se conquistou. A EBC, duramente atacada pelo governo
golpista, na opinião deles, é um embrião importante de uma comunicação
pública. E que menosprezar a qualidade ou o alcance da emissora é um
equívoco.
“Titubiantemente, mas tentando avançar no acesso à banda larga e na
criação da EBC. São avanços inegáveis, o que explica os ataques à EBC,
algo que pode se tornar um dia um instrumento que dê voz ao cidadão”,
comentou Israel.
Valorizar a defender a EBC
“A TV nasce como pública na maioria das democracias consolidadas. A
BBC por três décadas foi a única TV na Inglaterra. E isso interfere
muito na percepção do espectador. Quem sempre financiou a BBC foi o
cidadão, não com verba de governo. Portanto, a comparação
desqualificadora com a EBC é mais que um jogo de letrinhas”, completou.
“A criação da EBC foi um dos grandes feitos dos governos do PT, mas
depois foi deixado um pouco ao léu. Mas é injusto chamá-la de TV Traço. A
EBC tem oito rádios, TV Brasil, uma agência que abastece a mídia
inteira, tanto a privada quanto a livre. E mais uma agência de rádio que
abastece rádios comunitárias”, destacou Rita Freire.
Israel destacou outra oportunidade que a esquerda deve aproveitar,
que são as tevês da cidadania, cuja regulamentação da TV digital permite
que possam ser criadas por prefeituras, com conteúdo educacional,
cultural e jornalístico.
Por fim, o ex-ministro Gilberto Carvalho definiu: “Gente, esse
projeto de comunicação é uma tarefa que precisa da CUT. São vocês que
vão dar movimento a isso”.
Roni Barbosa, secretário nacional de Comunicação da Central,
confirma: “Vamos colocar a rede CUT a serviço da distribuição do
conteúdo que será produzido por este programa hoje anunciado. A
distribuição é um grande desafio”.
Fonte: Cut/Nacional
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