14 de maio de 2013

Brasil vive ‘revolução social’, diz Marilena Chauí

A filósofa Marilena Chauí afirmou ontem (13) que o programa Bolsa Família provocou uma “revolução social” no Brasil ao transferir paras as mulheres a tarefa de gerenciar o benefício.

“Não sei o quanto temos consciência de que aconteceu uma revolução social no Brasil. Vocês sabem que o Bolsa-Família vai para as mulheres. Vocês não imaginam o quanto isto alterou o modo de constituição da relação familiar, da relação homem-mulher e da maneira pela qual as mulheres se percebem como sujeitos sociais, como sujeitos políticos, e não apenas como instrumento de uso. Isso é gigantesco”, disse ela, durante o lançamento do livro 10 Anos de governos pós-neoliberais no Brasil - Lula e Dilma.

A obra, editada pela Boitempo e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), é uma coletânea de 21 textos sobre o período, para os quais colaboram diversos intelectuais, entra eles a própria Chauí. Além filósofa, participaram do debate de lançamento o economista Márcio Pochmann (também coautor) e o sociólogo Emir Sader, responsável pela organização do livro.

Outra transformação dos últimos dez anos, segundo a professora da USP, foi a melhora econômica da classe trabalhadora. Ela avessa ao conceito de nova classe média.

Para Chauí, o que define uma classe social não são os bens de consumo dos quais as pessoas dispõem, mas sim as relações dentro do modo de produção capitalista.

“A perspectiva de dispor de um conjunto de bens de consumo de massa e dispor de um conjunto de direitos sociais significa mudar de classe? Não. Significa que a classe conquistou seus direitos e seu lugar”.

Márcio Pochmann, que é professor da Unicamp e presidente da Fundação Perseu Abramo, ressaltou a ampliação de direitos e oportunidades para a população de baixa renda.

“O povo brasileiro se transformou no grande protagonista das transformações que vemos hoje. Este é uma marco inegável da transformação da democracia de uma elite para uma democracia de massa. O caminho é universalizar as possibilidades que por muito tempo foram para poucos.”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava presente para assistir ao debate, falou ao final do evento a pedido do público, e saudou o livro como um contraponto aos ataques sofridos pelos governos do PT nos veículos da grande imprensa.

“Os apressados escreveram muita coisa ruim sobre o governo. Tem uma literatura farta contra o governo e contra o PT. E eu sempre tive consciência de que somente o tempo é que iria de se encarregar de colocar as coisas no lugar. Tinha consciência que meu problema com parte da elite política deste país e parte da imprensa brasileira era o meu sucesso”, afirmou. “O palácio, que até então era para reis e rainhas, banqueiros e grandes empresários, continuou sendo. Mas com uma diferença: é que lá entravam também os índios, os hansenianos, os moradores de rua, os favelados, fazendo com que, pela primeira vez, aquela fosse uma casa de todos, e não apenas de uma parcela da população brasileira

  Fonte: pt.org

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