4 de fevereiro de 2011

Segunda reunião sobre reajuste do salário mínimo termina sem acordo


Governo e centrais sindicais encerraram sem acordo a segunda rodada de negociações sobre o reajuste do salário mínimo para 2011. O encontro, que durou três horas, ocorreu nesta sexta-feira (4) em São Paulo. A proposta do Planalto, que ainda não tem data para ser enviada ao Congresso, é de R$ 545.

Em uma primeira reunião realizada em janeiro, as centrais apresentaram o pedido de reajuste do mínimo para R$ 580 e a correção da tabela do IR em 6,47%. O governo ainda não apresentou sua proposta de índice de correção do IR.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o governo não abre mão do valor de R$ 545. "Se o governo tivesse sobra de recursos, poderíamos até ponderar", disse. Mantega afirmou que o governo quer manter a política de aumentos do mínimo que considera a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) dos dois últimos anos. Por causa do impacto da crise financeira em 2009 na economia brasileira, o valor proposto interrompe uma sequência de reajustes com aumento real.

Tanto Mantega quanto o ministro-chefe da Secretaria Especial da Presidência, Gilberto Carvalho, ressaltaram que a principal intenção do governo é fechar um acordo para a manutenção da política de aumentos para o salário mínimo no período 2011-2015. Carvalho ressaltou que, sem em 2011 o valor não traz aumento real, em 2012 a mesma política pode garantir 13% de reajuste.
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Sindicalistas contestam

Participaram da reunião desta sexta-feira os representantes da Força Sindical, CUT, CGTB, CTB, UGT e NSCT. Os sindicalistas cobram uma exceção no acordo assinado em 2007.

Diante da negativa do governo, Paulo Pereira da Silva diz que Guido Mantega teria assumido a postura de defender os objetivos do mercado. “O mercado decidiu que não tem que ter aumento do salário mínimo”, disse. Paulio Pereira afirmou que está ocorrendo uma "queda de braço" entre as políticas adotadas no governo Dilma e no governo Lula. "Vamos resistir. Para implantar essa política de acordo, o mercado vai ter que derrotar o movimento sindical", disse.

O ministro Gilberto Carvalho rebateu a afirmação do presidente da Força Sindical. Para Carvalho, não há ruptura entre as políticas do governo Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O governo Dilma está convencido da necessidade de continuar aprofundando as conquistas dos trabalhadores", disse.

Carvalho afirmou que o Planalto já se prepara para o debate no Congresso. "Vamos fazer também um trabalho com a base aliada e com a oposição tentando convencer da inconveniência de se alterar uma regra que está dando certo", disse.

O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) também criticou a postura do governo. “Nós não estamos vivendo no Brasil uma inflação da demanda. Manter salário e renda é fundamental”, criticou o presidente da CUT, Arthur Henrique. Ele disse ser positivo a sinalização de que possa haver a correção do Imposto de Renda, embora nenhum valor tenha sido apresentado.

Carvalho afirmou que, durante a reunião, foi proposta a formação de um grupo de trabalho que deve analisar a situação dos aposentados e discutir a manutenção da atual política de reajuste do salário mínimo.

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