5 de agosto de 2013

Municípios pequenos registram maiores avanços no IDHM educação

Os três municípios, Ribamar Fiquene (MA), Capitão Gervásio Oliveira (PI) e Monte Santo do Tocantins (TO) têm menos de 10 mil habitantes e 30 escolas, entre rurais e urbanas. Em 20 anos, o componente educação cresceu mais de 5 mil vezes em dois casos e mais de 4 mil vezes em um caso. Saiu de 0,01 e passou para 0,527 na cidade maranhense; 0,464 na piauiense e 0,547 na tocantinense. Apesar do salto, ainda estão em níveis baixo ou muito baixo e estão entre os 45% piores resultados identificados no IDHM Educação.

O município Capitão Gervásio Oliveira não conseguiu cumprir nenhuma das metas para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) desde 2007. Pelos últimos dados disponíveis, em 2011, no 5º ano do ensino fundamental, o município registrou Ideb de 3,3, da meta estipulada em 3,9. No 9º ano, o Ideb foi 3 (meta 3,7). O Ideb brasileiro equivale a 5 nos anos iniciais e 4,1 nos anos finais do ensino fundamental. O índice do Ministério da Educação (MEC) é calculado com base no desempenho e na aprovação dos alunos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Capitão Gervásio de Oliveira registra cerca de 900 matrículas no ensino básico. Zenaide Lopes da Silva que é professor há 25 anos e diretor de uma unidade escolar do município diz que o grande problema é a falta de interesse dos estudantes. A escola tem 250 alunos, quase um terço das matrículas do município.

Pelos dados da Prova Brasil 2011 disponibilizados pelo portal QEdu: Aprendizado em Foco - uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos voltada para educação – dos estudantes do 5º ano, 7% aprenderam o conteúdo de matemática adequado para o período e 21% o adequado em português. Os cálculos são baseados em meta estabelecida pelo movimento Todos pela Educação.

“O acesso à escola melhorou muito. Mas o interesse dos alunos não. Há 20 anos o pessoal tinha mais interesse em aprender. Eu comecei a dar aula em uma turma multisseriada de 60 alunos. Alfabetizava a turma toda sozinho e eles queriam aprender. Hoje não é mais assim”, diz Silva. O diretor aponta a falta de estrutura e material didático apropriado como fatores que levam a essa falta de vontade de estudar. Segundo ele, a escola está sem 50 livros para usar nas salas de aula desde o começo do ano.

Dados do Censo Escolar de 2011, também disponibilizado pelo QEdu mostram que a escola dirigida por Silva não tem biblioteca, laboratório de informática, laboratório de ciências ou quadra de esportes. “A estrutura é péssima. Não temos espaço para educação física, os professores ficam enrolando porque não tem espaço. As salas são pequenas e parecem um presídio, sabe? As janelas são muito altas e pequenas. Aqui faz muito calor, estamos no Semiárido, se tivesse um ar-condicionado os alunos iam ficar mais confortáveis”, analisa o diretor.

Monte Santo do Tocantins tem nove escolas e 430 matrículas. A cidade é pequena – a menor das três, com 2.085 habitantes. Ao contrário da cidade piauiense, pelos últimos dados disponíveis, em 2009, a cidade superou a meta do Ideb para o município e atingiu 3,9, da meta de 3,8 para o 5º ano do ensino fundamental e 4,3 (meta 3,5) para o 9º ano.

Ao falar da escola das filhas, Sadreli Andrade diz com segurança: “É ótima”. O que mudou em 20 anos foi a formação dos professores. Ela é coordenadora da escola José Benício Mariz, onde duas filhas estudam e uma terceira se formou. “Agora todos os professores têm graduação e formação específica, antes não era assim”, diz.

Sandreli diz que sempre incentivou as filhas a estudar. Uma delas, recém-formada no ensino médio decidiu que vai seguir a carreira da mãe e cursar pedagogia. “No meu tempo a gente morava em fazenda e tinha que andar até a escola. Hoje, temos todas as facilidades. A mais velha está na faculdade em Paraíso [cidade a 63 quilômetros de Palmas] e tem transporte escolar gratuito para ir às aulas”.

Dados do Censo Escolar mostram que a escola não tem biblioteca, sala de leitura ou quadra de esporte. Apesar disso, a diretora, Maria de Lurdes Benício, diz que a escola tem sim uma boa estrutura, que inclui laboratório de informática com 20 computadores e que isso ajuda os alunos a aprenderem. “A educação evoluiu muito, eu leciono há 21 anos. Antes, tudo era tão difícil, não tínhamos acesso à tecnologia. Hoje, temos como pesquisar, como buscar informações na internet, não precisamos contar só com os livros didáticos”, diz. Os últimos dados disponíveis mostram que, em 2007, 13% dos alunos tinham aprendizado em português adequado para o 9º ano do ensino fundamental.

Ribamar Fiquene teve a maior variação no IDHM Educação: aumento de 5.170 vezes. Em relação ao Ideb, o município superou a meta do índice para 2011 no 5º ano – 4,3 da meta de 3,7; e atingiu a meta de 3,7 para o 9º ano. Pelos dados do QEdu, baseados na Prova Brasil, em 2011, 17% dos alunos do 5º ano tinham aprendizado adequado em português. No 9º ano, a taxa caiu para 6% dos alunos. Já em matemática, 12% dos alunos do 5º ano e 1% dos alunos do 9º ano tinham o aprendizado aquedo ao período.

Fonte: Agência Brasil



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