7 de novembro de 2013

Pesquisadoras discutem a autonomia das mulheres no contexto da crise econômica


“Quando a economia vai mal, os postos de trabalho sofrem redução”, resumiu Patrícia Toledo Pelatieri, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A pesquisadora participou, nesta terça-feira (05), do seminário “Desafios da autonomia econômica das mulheres na contemporaneidade”, realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). O evento foi aberto na segunda-feira (04).

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2012, Patrícia expôs algumas características da inserção das mulheres no mercado de trabalho. Do total de ocupados, as mulheres correspondem a 42,4%, cerca de 40 milhões de trabalhadoras. Deste quantitativo, 60,2% estão no setor de serviços; 17,4% no comércio; 9,8% na agricultura e 0,6% na construção civil.

Ao tratar da autonomia das mulheres no contexto da crise econômica, Patrícia explicou que elas sofrem mais diretamente os impactos da crise do que os homens. “Com a retração da produção, há demissões. E as mulheres estão inseridas em setores mais vulneráveis aos efeitos da crise, como o setor de serviços e comércio”, avalia.

Para a economista, ampliar a inserção das mulheres nos setores mais estruturados do mercado de trabalho é um dos desafios para a autonomia econômica das mulheres.

População idosa – Devido à transformação na pirâmide etária da população brasileira, Patrícia chamou a atenção para a situação das mulheres idosas. “A população idosa tem crescido e, nesta faixa etária, as mulheres são maioria. São mulheres idosas, vindas de uma estrutura produtiva de baixa remuneração”, pontuou.

Segundo ela, a maior parte das mulheres se aposenta por idade e apenas com um salário mínimo. “Políticas direcionadas para garantir a autonomia econômica desta população também é um desafio”, arrematou.

Desigualdade de Rendimentos – A economista Marilane Teixeira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), resgatou números do crescimento do país entre os anos de 2003 e 2004, que se manteve até 2008. “Entre 2003 e 2004, o Brasil cresceu 4% ao ano. Do ponto de vista do mercado de trabalho, o número de carteiras assinadas aumentou, assim como o valor dos rendimentos, tanto para homens como para mulheres”, afirmou.

No entanto, a economista frisou que, apesar do crescimento, não houve redução na diferença salarial entre homens e mulheres. “A economia cresceu, mas não foi capaz de reduzir as desigualdades salariais entre trabalhadoras e trabalhadores”. Para a economista, não será o mercado de trabalho que irá produzir mudanças nesse sentido. “É fundamental implementar políticas públicas para atenuar estas desigualdades”, salientou.

Em 2012, com base nos dados da PNAD, Marilane assinala que 66% das mulheres ganham cerca de dois salários mínimos. “Há uma concentração de mulheres em uma estrutura de baixos salários”, afirmou.

Evento - O seminário “Desafios da autonomia econômica das mulheres na contemporaneidade” aconteceu nos dias 4 e 5 de novembro e reuniu gestoras, pesquisadoras, representantes de centrais sindicais e de comitês de gênero de empresas participantes do Pró-equidade de Gênero e Raça, programa articulado pela SPM. A economista e assessora especial da SPM, Hildete Pereira, foi responsável pela mediação do debate.

(Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República)


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